Como ajudar mulheres em
situação de violência doméstica?

Enquanto parte da comunidade, você pode apoiar a mulher vitima de violência doméstica e contribuir na construção do seu plano de proteção. Nesse sentido, procure identificar pessoas que possam auxiliar neste momento. Sororidade é o primeiro passo para combater a violência de gênero.

Sororidade vem da palavra latina soror, que significa “irmã”. É um conceito social e político que significa aliança entre mulheres.

  • Defende a identificação das mulheres como semelhantes

  • Prega a solidariedade e o apoio mútuo

  • Estimula a consciência crítica sobre a centralidade masculina

  • Repele a competição gratuita e a autodepreciação feminina

  • Você pode praticar todos os dias sendo mais generosa – um gesto de cada vez! (MP-BA, 2018).

ATENÇÃO!

  • Você ouviu gritos e pedidos de socorro?

  • conversou com as crianças?

  • ouviu os relatos da vítima sobre a violência sofrida e viu o estado emocional dela em razão disso – desalento, dor, angústia, lágrimas, desespero?

  • recebeu ligação ou visita dela logo após os fatos – nervosa, chorando, pedindo apoio moral, acolhida, pouso para si e para os (as) filhos(as), ajuda financeira, companhia para ir à delegacia ou ao centro de saúde?

  • leu as mensagens no celular ou no computador?

  • viu as lesões no corpo da vítima no ambiente de trabalho ou em evento social?

  • é membro da família e acompanha a rotina de sofrimento da vítima?

  • conhece o comportamento violento do(a) agressor(a)?

  • presenciou episódios anteriores de agressão verbal ou física?

Se você respondeu sim a um ou mais dos itens anteriores, então você pode ajudar:

  • não julgue a mulher em situação de violência

  • se ela perdoou ou não o seu algoz em ocasião anterior ou se ela pretende continuar a viver com ele

  • faça sua parte como gesto de cidadania, reprovação à violência de gênero e em prol de uma sociedade melhor.

Se você conhece ou convive com uma mulher em situação de violência, pode ajudar se dispondo a ser testemunha ou informante – seja presencial do episódio criminoso ou simplesmente conhecedor(a) da relação abusiva, do estado emocional da vítima em razão da violência ou das lesões aparentes.

Se você é vítima:

  • mesmo sendo difícil, em razão do medo, da reconciliação, do desconforto emocional, da dor, tente não destruir e/ou apagar provas –deletar mensagens e fotografias, rasgar cartas, excluir relação de chamadas

  • saiba que a sua palavra é muito valorizada pelo sistema de justiça – ninguém melhor do que você pode descrever o drama cotidiano de um relacionamento abusivo e violento

  • procure manter a coerência de sua narrativa

  • procure ajuda tão logo o delito tenha ocorrido – se há lesões aparentes,

  • o atendimento imediato facilitará a elaboração do exame de corpo de delito e a lembrança detalhada dos fatos

  • faça registro de foto ou vídeo das lesões corporais e se não houve exame de corpo de delito direto, o prontuário do centro de saúde, do hospital ou atestado do médico em consultório são registros admissíveis

  • se há ameaça ou perturbação da tranquilidade por meio de ligação telefônica, sms, e-mail, redes sociais (Facebook, Instagram, Twitter, Tinder, Periscope e outros) e dispositivos multiplataforma (Whatsapp, Telegram, Viber e outros), imprima ou salve a imagem da tela para posterior impressão contendo as chamadas recebidas e/ou mensagens

  • conserve todos os escritos ameaçadores e ofensivos – cartas, bilhetes, anotações, mensagens se há constante perturbação da tranquilidade e/ou reiterado descumprimento da medida protetiva, faça anotações desses acontecimentos – em papel ou em meio eletrônico – contendo datas, horários e locais dos acontecimentos, bem como dizeres e atitudes do(a) agressor(a).

PLANO DE PROTEÇÃO

O plano de proteção pode fazer a diferença na na prevenção da ocorrência de lesões graves ou até mesmo de morte decorrentes da violência doméstica. Trazemos, a seguir, alguns exemplos que podem servir como ponto de partida para um plano de segurança.

Se o autor da violência morar na mesma casa que a vítima

Desenvolva estratégias que assegurem a segurança da mulher e demais dependentes, caso tenha. Oriente para que amulher identifique áreas de segurança na casa, onde não tenha armas, facas ou outros objetos que podem ser utilizados para agressão física, e onde existam saídas rápidas. Se ela se sentir em risco, oriente para que tenha os cuidados de:

ORIENTAÇÕES PARA O CASO DE RISCO

Nunca guardar armas com a intenção de utilizá-las como defesa. Elas podem facilmente ser usada contra você ou contra a mulher em situação de violência.

Se tiver carro, mantenha cópias das chaves do carro em um local seguro e acessível. Deixe-o abastecido e na posição de saída, de forma a evitar manobras.

Deixar que os amigos e os vizinhos saibam da situação. Desenvolver um código (sinal) visual para quando precisar da ajuda deles; por exemplo, colocar uma toalha branca na janela.

Orientar os filhos, filhas e dependentes a nunca se envolverem na violência entre a mulher e o parceiro. Planeje com os filhos sinais ou um código, que indiquem quando devem sair de casa para se proteger e/ou procurar ajuda.

Guardar sempre consigo os números de telefone de socorro. Se tiver um telefone, procure mantê-lo ao alcance da mão. Se não tem, localize o telefone mais próximo.

Se a violência for inevitável, é preciso definir uma meta de ação: correr para um canto e agachar-se com o rosto protegido e os braços em volta de cada lado da cabeça, com os dedos entrelaçados. Não correr para o local onde as crianças estejam. Elas podem acabar sendo também agredidas ou usadas como forma de ameaça ou chantagem.

O QUE FAZER QUANDO PRECISAR SAIR DE CASA POR CAUSA DA VIOLÊNCIA?

Separar um pacote de roupas e objetos de primeira necessidade seus e das crianças. Guardar com vizinhos ou amigos, para pegá-lo no caso de ter que abandonar a casa.

Contar a situação para pessoas em quem confia, como: amigos e vizinhos. Planejar com elas um esquema de proteção e combine algumas formas de sinalizar que está em perigo.

Guardar cópias de documentos importantes em local seguro: certidões de nascimento e casamento, identidade, carteira profissional, listas de telefones, documentos escolares etc.

Faça acordo com algum(a) vizinha(o) ou com quem possa confiar, e combine um código de comunicação para situações de emergência, como: “Quando eu falar uma palavra específica, busque ajuda imediata”.

Guardar em local seguro, ou pedir para alguém de confiança guardar algum dinheiro, caso precise sair de casa às pressas.

Planejar como fugir de casa em segurança, conversar com alguém da rede de apoio e se informar se poderá ficar hospedada com eles, caso necessário.

Tente guardar por escrito, com as datas e horários, todos os episódios de violência física, psicológica ou sexual que esteja sofrendo. Isso pode ser muito útil se quiser ajuda da polícia e da justiça.